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Como os intermediários estão a reeducar o consumidor financeiro?

12.12.2025
literacia financeira

Por João Soares e Tiago Macedo – Maxfinance Star


A literacia financeira é crucial, mas em Portugal, o foco tem recaído excessivamente em investimentos complexos, como ações e criptomoedas, em vez de conceitos fundamentais. Temas como o Valor Temporal do Dinheiro, taxas de juro, inflação, fiscalidade, orçamento familiar e matemática básica são essenciais para evitar erros comuns, como subestimar despesas ou escolher crédito apenas pelo spread.
 

A recente subida das taxas de juro expôs a necessidade de maior conhecimento financeiro. Apesar do Plano Nacional de Formação Financeira de 2011, Portugal ainda se encontra entre os países com menor literacia financeira na zona Euro. É fundamental a implementação contínua de medidas, especialmente focadas nos jovens, e a superação de decisões baseadas em experiências alheias.

Os Intermediários de Crédito (ICs) assumem um papel central na educação financeira, indo além da mediação de crédito. A sua função é qualificar o cliente, aconselhar a melhor estratégia e alertar para o esforço financeiro real, definindo uma taxa de esforço pessoal e não apenas a exigida pelas instituições.

O sobre-endividamento, causado por diversos fatores como subida de juros ou má gestão, pode ser prevenido. A dificuldade em pagar encargos é um sinal de alerta, e a tentação de contrair mais crédito para cobrir despesas correntes é perigosa. Um fundo de emergência e a noção exata da situação financeira são vitais. Os ICs auxiliam na gestão de encargos e análise dos créditos contratadas, otimizando-os através da consolidação de créditos ou negociação de condições.

A transparência é chave para a confiança do consumidor. Os ICs simplificam a linguagem técnica de propostas de crédito, explicando termos como MTIC e TAEG. Ferramentas digitais, como simuladores, auxiliam na visualização dos custos, embora simulações não substituam propostas formais.

Boas práticas dos ICs incluem análise cuidadosa das necessidades do cliente, qualificação financeira rigorosa e formação contínua para se manterem atualizados sobre produtos e taxas. O aconselhamento deve ser ético e focado no cliente, não no benefício do intermediário. Um cliente informado tem menor probabilidade de incumprimento e sabe a quem recorrer em dificuldades.

A regulamentação, como o Decreto-Lei nº 81-C/2017, profissionalizou a atividade dos ICs, exigindo registo no Banco de Portugal e cumprimento de deveres de informação. Legislações nacionais e europeias protegem os consumidores, assegurando uma qualificação financeira rigorosa.

Em suma, a melhoria da literacia financeira em Portugal é um processo contínuo que exige o envolvimento de todos os intervenientes. Os ICs têm um papel crucial na consultoria e na promoção de decisões informadas, reduzindo o risco de endividamento. Transparência, ética e políticas públicas consistentes são essenciais para construir um futuro financeiro mais estável para os portugueses.
 

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